Descascando a laranja
O xixi do cão
amansa o poste,
chamariz de bicho
na luz e cheiro
O zunido do inseto
cigarra a árvore
que até então
só falava com vento
Com a sua siringe
o sabiá laranjeira o dia
de sol que finda a tarde
A poça na noite
reflete a luz do céu
que no silêncio da lua
coaxa lembranças
Bichos são assim
e fazem valer o mandamento,
de não usar
o nome de deus em rã,
em gente e nem nada
Pecado caro
é divinar gente ou bicho,
Divino mesmo
é a cor e o canto.
Nascendo e morrendo bicho que pássaro
o laranja do sabiá,
ontem e hoje,
faz primaveras
de afeições
e alvoradas