Descascando a laranja

O xixi do cão

amansa o poste,

chamariz de bicho

na luz e cheiro

O zunido do inseto

cigarra a árvore

que até então

só falava com vento

Com a sua siringe

o sabiá laranjeira o dia

de sol que finda a tarde

A poça na noite

reflete a luz do céu

que no silêncio da lua

coaxa lembranças

Bichos são assim

e fazem valer o mandamento,

de não usar

o nome de deus em rã,

em gente e nem nada

Pecado caro

é divinar gente ou bicho,

Divino mesmo

é a cor e o canto.

Nascendo e morrendo bicho que pássaro

o laranja do sabiá,

ontem e hoje,

faz primaveras

de afeições

e alvoradas

Fernão Bertã
Enviado por Fernão Bertã em 08/11/2013
Reeditado em 08/11/2013
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