VIM VERDE VER-TE
Meus dedos de algodão
Mexem uma bailarina de murano verde
No preparo desta manhã,
Cocktail de menta(e) alada.
Vida mentada.
Brisa bate um cheiro longínquo
De eucaliptos gigantes!
Acolhe-me e me adoça essa aragem,
Gostosamente amiga,
Como a garapa de tuas palavras.
...
Vim....Vim rechear-me.
Vim embriagar-me com teus versos,
Servidos em copos de drinks longos,
Menta, gim, cubos de gelo, muitos!,
E folhas dentadas de hortelã.
Refrescam-me os lábios.
Limpam a conversa.
...
Nas pausas um café. Ou dois.
Um cigarro que não fumo mais.
O ar de boemia sem horário próprio -
Um estado de espírito.
...
Vim poetar teu paladar com o meu,
Num fim de noite,
As estrelas arandelas,
Início das horas uivantes,
De casos pensados,
De trancas abertas,
De chaves trocadas,
Conversas perfumadas,
As vozes já doces
(E ainda assim gulosas),
As lascas de uma torta chinesinha
Como que prendendo abelhas
Aos favos de mel.
Ah, o zumbido das falas...
Ah, a sofreguidão com que se contam ocorridos...
Um som que parte de um paulistano apartamento
E alcança em eco os cavalinhos de platiplanto...
Contos, contas, cantos e rosários.
...
Dois rompantes com halos de ternura.
Dois lados, ligados por um fio.
Dois fios ligados pelo afeto.
...
Vim...Vim recompor-nos.
Trincar o drink no gelo,
Trincar os verdes versos,
Vim verde verte-te
E verter-me...
Verdejar-me...
Encher meus pulmões
Com a clorofila do teu entusiasmo,
Teu oxigênio poético,
Ensinando a alquimia de ser Amor todo fato,
Símbolo máximo da Vida.
....
Vim.
Vieste.
Vis-à-vis na varanda dos versos,
Vitrina vítrea da poesia.
Voa, verde!
Refresca-nos!
Vis-à-vis na varanda dos versos,
Vitrina vítrea da poesia.
Voa, verde!
Refresca-nos!
composição de imagem por KML, especialmente para esse poema.
Resposta ao poema "Meu amor de Menta", escrito por Ene Mathias, em abril de 2007 e dedicado a mim.