maré vermelha
águas rolam pelas paredes
e não sei nadar
pressiono-me na cama; imóvel flor
estampando lençol vermelho
sem balançar um respirar
nauseada no balanço das ondas
agarro-me em fio de tempo
[ponteiro de pensamento]
e remo de volta à ilha...
[aquela onde plantei meus
alucinados dias]
minha praia de desejos
deve estar lá espumando sobre
areias onde enterrei segredos
meu campo de selva com ramas abraçadas
ainda devem cercar minhas feras...
[ será?]
estarão presas ainda ganindo conflitos...
ou andam soltas devorando
crias de sonhos recem nascidos?
grito!
ecoando minha chegada
no pequeno pedaço de terra largada
onde bebia da fonte
de um poço sem fundo
regressei
regressei pro
meu mundo
posso agora trepidar os ossos
no terremoto de um soluço
profundo...