DORME POETA, DORME QUE HORA...
Dorme poeta, que as palavras estão dormindo.
A força da tua respiração na branca lauda não
despertará do suave sono os doces vocábulos.
Sem dormir uma noite não te fará mais capaz!
Dorme poeta, pois não haverá fuga dos verbos.
Amanhã te esperarão para poder voltar a viver;
e cada um virá a se dar bem na feitura de teus
versos. Hão de lhe ser fiel a cada nova poesia...
Dorme poeta, que não há vigarista que furte as
letras que a ti pertencem. Se hoje estão ariscas;
amanhã pousarão nos teus braços e te farão tão
poeta que teus passos serão melodia e acalanto!
Dorme poeta, que este poeminha de agora não
será nem sombra do poema de amanhã; aquele
não trará sobre os lombos a falta de inspiração,
nem no olhar a friagem, nem esta falta de voz!