DORME POETA

Dorme poeta, que as palavras estão dormindo.

A força da tua respiração na virgem lauda não

despertarão do suave sono os doces vocábulos,

nem te fará mais completo uma noite em claro!

Dorme poeta, pois não haverá fuga dos verbos.

Amanhã te esperarão para poder voltar a viver;

que cada um venha a calhar na bonança de teus

versos; e hão de lhe ser fiel a cada nova poesia!

Dorme poeta, que não há vigarista que furte as

letras que a ti pertencem. Se hoje estão ariscas;

amanhã pousarão nos teus braços e te farão tão

poeta que teus passos serão melodia e acalanto!

Dorme poeta, que este poeminha de agora não

será nem sombra do poema de amanhã; aquele

não trará sobre os lombos a falta de inspiração,

nem no olhar o frio da noite, nem falta de voz!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 05/11/2013
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