TARDE DE OUTONO

Amanheceu...

Corpo cansado, boca trêmula.

Senti frio, calafrio, frio.

Meus gestos eram lentos.

A mão valsava sem parceria

Acariciava minha pele pálida, sem cheiro.

O prazer estava faminto de pecado.

A febre de amor, a loucura; ora lúcida; ora louca.

Desejava a morte.

Com medo, calada e o olhar paralisado, adormeci.

Meus sonhos se tornaram pesadelos.

Despertei sobressaltada.

Foi quando senti a brisa.

A cortina de renda balançava

Num movimento suave e gentil.

Talvez fosse um sinal, talvez...

Levantei entre tropeços e dores;

E pude perceber que a tarde de outono chegou.

Anestesiada pela sua beleza, fui me refazendo.

Rasguei versos de amor, rasguei lembranças.

Banhei-me em água morna com essência de alfazema.

Contornei os lábios com batom e saí pelas ruas.

Quando vi árvores desnudas parindo novas folhas, nossa!

Como festejei, como sorri.

Tal como criança pisei em folhas secas.

Queria apenas brincar, apenas me emocionar.

Mas a tarde se foi...

Anoiteceu...

Corpo cansado, boca trêmula.

Senti frio, calafrio, frio.

Val Sampaio
Enviado por Val Sampaio em 05/11/2013
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