TARDE DE OUTONO
Amanheceu...
Corpo cansado, boca trêmula.
Senti frio, calafrio, frio.
Meus gestos eram lentos.
A mão valsava sem parceria
Acariciava minha pele pálida, sem cheiro.
O prazer estava faminto de pecado.
A febre de amor, a loucura; ora lúcida; ora louca.
Desejava a morte.
Com medo, calada e o olhar paralisado, adormeci.
Meus sonhos se tornaram pesadelos.
Despertei sobressaltada.
Foi quando senti a brisa.
A cortina de renda balançava
Num movimento suave e gentil.
Talvez fosse um sinal, talvez...
Levantei entre tropeços e dores;
E pude perceber que a tarde de outono chegou.
Anestesiada pela sua beleza, fui me refazendo.
Rasguei versos de amor, rasguei lembranças.
Banhei-me em água morna com essência de alfazema.
Contornei os lábios com batom e saí pelas ruas.
Quando vi árvores desnudas parindo novas folhas, nossa!
Como festejei, como sorri.
Tal como criança pisei em folhas secas.
Queria apenas brincar, apenas me emocionar.
Mas a tarde se foi...
Anoiteceu...
Corpo cansado, boca trêmula.
Senti frio, calafrio, frio.