Não mexas em meu patuá


Essa forma como te lanças em meus braços,
Em um abraço apertado, de quase me tirar o ar,
Faz com que me sinta, quando em teu regaço,
Protegido pelos deuses, como portando patuá.
E à vida me entrego, de peito aberto, destemido,
Pois sei que agora nada mais poderá me atingir,
Pois tenho a proteção deste corpo amante e amigo
A me envolver e nada mais poderá me afligir.

Para obtê-lo, vaguei pelo mundo, semiperdido
Até mesmo desencontrado de meu próprio eu,
E reencontrei afinal, mostrando-me inesquecido
Pelo tempo de espera do que sempre foi meu.
Hoje, por ele, se preciso me lanço à guerra,
Para preservá-lo a conduzir-me nesta procura,
De nossos momentos de intenso amor e viro fera
Irracional, na racionalidade de nossa loucura.

Por isso, moço, desde já aviso sou filho de Iansã,
De Oxalá clemente e também de Ogum guerreiro,
Não mexas em meu patuá, mesmo que de forma vã,
Pois com ele construirei um mundo novo, por inteiro.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 04/11/2013
Reeditado em 16/12/2016
Código do texto: T4556145
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