Calão

Calão

De hoje em diante, quero a poeira das palavras

Aquelas que ficaram nas prateleiras do hipócrita

Quero a sintaxe jogada debaixo dos tapetes

varrida pela máscara fétida dos falsos moralistas

Escreverei, em caixa alta, a interjeição porra

e o caralho do tropeção dado pelos caminhos

A puta que pariu da revolta contra o sistema

e vociferarei a desgraça que corrói os destinos

Apontarei a caneta ao “subilatório” do estado

e limparei, com meu verso , toda a omissão

Retirarei da estante a frase “vá tomar no cu”

e apedrejarei os puristas com palavras de calão

De agora em diante, receberei outras palavras

As mesmas que só, à boca pequena, se pode falar

Serei alvo da limpeza podre dos modistas moralistas

Tudo bem! Um arroto e um peido para tudo se calar

Mário Paternostro