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Pedrão era existencialista. assim ele se definia. Lia sartre e camu e vomitava suas frases no meio da mesa. entre uma conversa e outra jogava coisas de efeito como; a experiênica precede a essencia, ou você está condenando a ser livre. não dava muita atenção, superficial e falastrão, gostava de exibir sua carteinha de partido de esquerda. era uma cara inteligente, mas muito indetificado com essa ideologia, o que fazia o papo sempre corrrer para as opiniões dele, o que mexia pra caramba com a gente. logo eu que não suportava política. o que eu sabia era apenas para não me passar por ignorante. não tinha aquela paixão que tornava as pessoas estúdas...
no outro canto da mesa, a cadeira estava reservada para , ex prostituta que agora descia o pau no sistema burgues com seu telefone de última geração na mão. entretanto, era gostosa, largou sua área de trabalho depois de uma viagem ao estados unidos com um grafino e acabou deixada lá depois de levar uns tapas na cara. Porque ela não quis ir com ele num encontro com casais.
e havia também Jorge, ou como chamávamos, capilé, esse sim, dava pra conversar, boa conversa. uma noça boa de mundo e uma forma educação de pedir atenção. da mesa era o que eu mais identificava. esse era um cara transparente e não escondia sua vida. trabalhava numa empresa de computadores. e á noite, gostava de andar na parte baixa da cidade, procurando droga e experiência com homossexuais, de onde retirava parte de sua renda...sim, jorge ganhava mais no parque ibirapuera do que fazendo códigos de computador. entretanto, afirmava que não era gay e que a sobrevivênica sobrepujava qualquer valor moral.
nossas encontros se dava na praça rosselvet, na parte central da cidade, os bares daquela região frequentava artistas e uma multidão de intelectuais de meia tigela, que, desesperadamente, procurava um ouvido pra despejar suas merdas. a maioria moleque que achava que sabia alguma coisa...eu, gato escaldado, fazia de tudo pra fugir desse tipo de gente
naquele momento só estava eu e o pedrão, que não era muito diferente, mas como gostava dele, suportava. ele tomava uma cerveja e eu, abissinto, paquerava algumas moças que sentava perto do palco. dali a pouco haveria um chowzinho de violão...a michele havia nos deixado.foi pegar um fumo e já estava demorando. e capilé. esse nem sinal de vida. eu me preocupava muito. as histórias que ele contava dessas suas aventuras era muito assustadoras, pelo menos pra mim, ele dizia que era excitante.
O ambiente estava razoavel, nem vazio nem cheio. é que caiu uma chuva muito forte durante a tarde, e teve alguns alagamentos.
- cadê o pessoal
- não sei, pedrão, será que aconteceu alguma coisa?
- acho que não, choveu, e a cidade pára...
- estou falando da michele,
- ela foi pegar o fumo.
- ele disse que ia fazer uma coisinha também
- ela não tinha parado?
-acha!, esse tipo de coisa é dificil de parar.
- pensei que tivesse.
- com acha que ela sustenta o vício dela...
- e o capilé?
- disse que chegaria mais tarde, ainda está no horário
- há quanto tempo estamos nessa reuniões..
- algumas semanadas, porque?
- não acha que devemos agir logo?
- calma...é necessário que a coisa seja feita com muito cuidado;