O MAR
(Sócrates Di Lima)
O canto da sereia,
Que ecoa na escuridão,
Na imensidão do mar rodeia,
Canta sereia a sua canção.
E abre as portas do mar,
No silencio de uma noite de novembro,
Para os que estão a amar,
De janeiro a dezembo.
E a Lua se mira,
Nas águas do amanhecer,
O solacente em sua pira,
E deixa a Lua se esconder.
O mar, o silêncio absolve,
Guarda em si os navegantes perdidos,
Guarda o amor que absorve,
A querência de amar dos prometidos.
E em seus portos e ancoradores,
Recebe e deixa partir o amor,
Cura e retém as dores,
Dos amores vividos com ardor.
O mar....
Lágrimas choradas por Deus,
E nele guarda todo despertar,
Dos sonhos sonhados nas noites em breus.
O mar suas vidas e seus mortos regurgita,
Expões em suas ondas seus pesares,
Em maremoto suas dores vomita,
Longe do amor e seus olhares.
E assim é um amor em decomposição,
Um corpo que se definha da solidão,
O mar recebe o Sol, a Lua como filhos em gestação,
Mas silência quando a noite o deixa sozinho na escuridão.
É como o amor que se conflita e esperneia,
O mar se embravece e se joga contra as duras pedras,
Em ressaca se levanta em ondas e se esparrama na areia,
Mas se retrata e se recolhe e em novas ondas se quebra.
O mar silencia a noite e a noite silencia o mar,
Em tantos mistérios e medos,
É como a vida e o amor o mar tem seu guiar,
Pois, o destino e Netuno guardam seus segredos.
O mar...como olhos inundados da terra,
Nas saudades que o faz chorar,
O mar em resumo é vida que se encerra,
E se renova sempre que a noite vem lhe namorar.