Ode Ao Barroco Árcade
Eric do Vale
Após sua carta Caminha editar,
recinto dos degredados tornou-se
“A terra onde se plantando tudo dá”.
Eis que a nossa produção intelectual,
calcada no dualismo e bucolismo,
teve origem no período colonial.
Reinava o antropocentrismo,
entrecortando a luz e a escuridão
no curso do colonialismo.
Aos quatro cantos da capital federal
propagavam-se os sermões de Viera
junto aos versos do “Boca do inferno”.
A salvação e o gozo mundano
em palavras digladiavam-se
de modo lírico, religioso e satírico.
Vila Rica, dotada de riquezas,
serviu como cenário e palco
aos poetas do setecentrismo.
Com base no “carpe diem”
os Inconfidentes confidenciavam
uma vida mais simples e pastoril.
Epicamente decantados
os feitos de Caramuru
igualmente aos do Uraguai.
Se venerada era Marília por Dirceu,
Critilo criticava os desmandos despóticos
em Santiago ao seu amigo Doroteu.
E os séculos passaram
outras escolas literárias
então por aqui chegaram.
Atualmente, na modernidade
desconheço um literato que não tenha
bebido na fonte barroca e árcade.
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