Marionete

Viro o rosto para o lado

E tudo o que vejo são seus olhos castanhos

Encarando-me sobre um sorriso sarcástico

Como se quisessem que eu fosse embora

Sua pele clara treme, quase imperceptivelmente

E quase não há mais cabelo em sua cabeça

Ah, deuses, quando foi que ficou tão velho?

Me pergunto, estupidamente

Como pude perder tanto tempo a admirá-lo

Durante uma eternidade

Ingênua, pensei que me tinha sob seu domínio

A verdade?

Nenhum de nós dois sabia

Quão poderosa eu podia ser

Mas agora que conheço minha força

Assumirei o controle

Minhas garras lânguidas arranharão sua pele

Até fazê-lo sangrar

E você sequer irá querer me parar

Não importa o quanto seus olhos implorem

Eu não irei embora

Você subestimou o perigo

E, agora, ele irá destrui-lo

Vou queimá-lo com meus lábios ardentes

E não tenho medo do fogo

Pois ainda posso ressurgir das cinzas

Cortei as amarras que me prendiam

De marionete, passei a mestre agora

E você tenta fingir que tudo permanece igual

Enquanto seus planos tão bem elaborados desmoronam

Uma garotinha inofensiva, era o que enfrentava

Quando foi que virou tão perigosa mulher?

Sua gentileza escorreu pelo ralo

É o medo que o deixa assim, tão antipático?

Vista sua melhor camisa e sorria

Talvez você ainda tenha alguma chance

De escapar do fogo

Mas eu prometo, não pegarei leve

Porque você sempre foi duro comigo

E não há espaço para suavidade num duelo de titãs

Onde andará sua força

A intensidade que me arrebatou?

Agora, tenta me assustar com palavras

Como se isso tivesse qualquer utilidade

Confesso, tive medo de você

Tive medo de perdê-lo

Tive medo de nunca deixá-lo

Mas, hoje, onde foi parar o medo?

Pois não são minhas as palavras confusas

Que parecem ansiosas para abandonar o jogo

Mas, meu amor, eu não vou a lugar nenhum

E não vou facilitar nada

Prometi que deixaria o próximo movimento para você

E me esforçarei para manter o controle dessa vez

Não farei a escolha que só você pode fazer

Ou você recolhe suas cartas e admite que perdeu

Ou eu queimarei tudo o que ficar

Junto com as cordas que ainda o prendem a mim

E que parece não ter forças para soltar