Nuvens cinzentas
Nuvens cinzentas irão passar
Tudo passa-tão-passageiro
Quê sinto quase medo do ar que respiro
Feito último suspiro, me despeço
Não da vida, dos tropeços
Encurralados por ela...(À Vida)!...
Feito trem carregado de ânsias
Na espreita da chegada
Descarrilado em mim...
Feito nuvens e vento!
Esperar o tempo, é preciso
É preciso navegar nos mares dos dias
Feito a natureza que floresce cores
E tudo que nasce na natureza são flores
Cupins, formigas ou erva-daninha
Tudo na vida possuo e é minha à Vida
Tudo, até mesmo um sopro de vento
Um arroto, um espirro, um mal-estar...
Menos os dias, minguados e mindinhos dias...
Blocos de neve vão derretendo gelo
Imagino estrelas acarinhando teus cabelos
Com estrelas, sonho acordado e nada finda
Tudo é transparente e não míngua
Feito Lua-Cheia, clareando estrelas no fimamento
E PENSO: No quarto do quarto-minguante
No farelo dos bichos
No som das paredes
No sussurro da umidade
No orvalho das portas
Nas dobradiças das janelas
No som dos silêncios
As paredes são de concreto
Os vidros de porcelana
O coração é Luz-acesa
Nessa madrugada fria
Escrevo versos...
Vindo do Universo poético que jamais finda, escrevo
Feito labaredas fervendo água
Lavando mágoas e almas e tudo
À beira de rio feito lavadeiras cantando
Com som estridente de antigas canções.
Na manhã, quase finda-acinzentada
No céu da noite dos açoites frios e úmidos dos dias...
Escrevo, não nego à palavra, meus pensamentos.
A poesia grita e encanta
Feito os Sete-véus em Ventanias
Nas agonias das lágrimas-azuis-da-Poesia
Num breve despertar, sonho
E sonho, e sonho e sonho...
Tenho pesadelos feito flor no deserto
Morrendo de sede, implorando aos cactos
Um cadinho de s'alma-de-água
Mínimo grão de areia
Nem mesmo sei o que é certo
Nas margens dos Igarapés!
Beijo delicados Pés,
Na aflição dos dias.
Deito-me sentado sem medo de dormir
Cansado dos males da vida sempre há esperança e comboios
No trilho dos trens, viajo nos sons de estrelas na poeira da poesia
E nado em mares dantes navegados
Num céu apagado por estrela.
Acendo lamparina e luz de vela
Vou ao fogão e queimo lenha
Olho pelas frestas da janela e nada vejo
São treliças no caminho quase poente do nada
Nadando em Céu-apagado por estrelas.
Tony Bahi@.