Cálice


Não permita que outra mão que não a minha
Toque neste cálice que retiniu ao toque ardente
Que vibrante ao sentir o imenso amor latente
Guardado para si, ao tempo em que não a tinha.
Não permita que outros lábios que não os meus,
Sorvam sequer deste cálice as bordas, inebriado,
Onde, por certo, réstias de seu néctar há sobrado
Dos momentos de delírio vividos nos braços seus.

Mantenha-o, como antes, preservado para mim,
Que dele extrairei o derradeiro plangente augúrio
Ouvindo sua voz semi rouca, em doce murmúrio,
Repetir que tanto me ama, que me encontra enfim.
Não permita que outro marque com digital este cálice
Onde sorvi o inebriante sabor de seu pungente amor
Nos momentos em que nos entregamos com ardor
E se não for assim, por favor, simplesmente cale-se.

Eu suplico, eu lhe peço, mesmo não tendo este direito,
Por ser talvez em sua vida um efêmero passante,
Que um dia teve a pretensão de ser o amado amante,
E que a cravou tão fundo, para sempre, em meu peito.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 29/10/2013
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