Poesia fétida
Poesia fétida
Acabei de romper com o lirismo
Quebrei a métrica convencional
Comecei uma briga com a poesia
Impus à palavra o que nunca coube
Porque minha poesia é libertária
Nela passeiam as possibilidades
Estou saturado do verso adocicado
Deturparam o propósito do poeta
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Quero a fratura,da vida, exposta
E o pus que jorra do submundo
A gonorreia das noites de solidão
O cheiro da gangrena dos excluídos
A minha poesia vai ao cu do mundo
E pisa na bosta feita pelos homens
Sente o odor putrefato da segregação
E cospe todo o catarro da indignação
Quero o sangue que corre pelo mundo
A hemorragia da covardia que não estanca
O vômito dos beijos dados em conchavos
A cândida candidíase das libertinagem
A minha poesia fala na cara do moralista
Com o mau hálito que lhe é peculiar
Reza a reza fétida, incrédula dos infiéis
E oferece a carniça lírica das palavras
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Acabei de recriar o meu lirismo,
fazendo um acordo com a poesia
Desfiz a trégua com a inocência
Para ceder ao verso às possibilidades
Porque minha poesia precisa de se abrir
Romper com tudo que foi estabelecido
Mostrar a vida sem vida e sem adorno
E, assim, o poeta se retrata com o mundo
Mário Paternostro