LEMBRANÇAS ANCESTRAIS
Nadir Silveira Dias
Tenho em mim o senso telúrico ancestral
Habita em mim o sentir comum do cidadão
E o senso próprio, típico, de quem já enfrentou embates
Próprios e alheios embates, vitórias, desgastes
Em todos, sobrepairou sempre a busca, a procura
Ah! Incessante procura pelos eixos, caminhos, andanças
Que conduzam ao bem, ao bom, ao equânime senso
Não se desfaçam ancestrais lembranças
Tenho em mim no presente senso!
Bário, fósforo, manganês, potássio, caulim, talvez
Pedra, ferro, ferragem, óxido, ferrugem, esmeralda, embó
Rubi, diamante, argenta, ouro, platina, fóssil feliz
Antes carbono, depois, depois só pó, ainda agora h2o!
Raízes, troncos, folhas, flores e frutos, lírios, verbenas
Tenho em mim a rudeza, perspicácia, a ternura das feras
Habita em mim a doçura dos melíferos, mel do camoatim,
Da lichiguana, da abelha, a energia, a leveza do beija-flor!
Trago em mim que já fui átimo, ofídio, Enios e Glenias
Átomo, núcleo, bem depois, quiçá, de ter sido tênias,
Tenho para mim que na ordem, disciplina e trabalho
Gravitam estritas razões, fundamentos abissais
Onde superam-se interesses hiperdimensionais!
Que se faça rugir a minha voz contra o algoz, acalente-se
Ressurja, vibre aquela que precisar fazer-me homem
E, dócil ou óleo cru, feio, bela, ou mesmo fera, mostre-se
Que não sois vós assim tão diferente de mim!
Tenho para mim que a única, a exclusiva, circunstância
Que nos pode diferenciar é o quanto podemos ou não
Apresentar de realizações na história da vida de cada um.
Habita em mim longeva crença de que sem ordem
Sem disciplina e sem trabalho nenhuma história boa se faz!