Poema insano
Ficamos racionais, como primatas,
discutindo, sem eira ne beira,
O sexo dos anjos e dos arcanjos;
A existência ou não de Deus
Em um blá, blá, blá; sem fim,
Pé , tampouco cabeça.
Mas o inteligente é escolher
No que ou em quem acreditar,
Beijar o brasão da crença,
Despensar o que não se pensa
E correr para o abraço.
Quem não tem Deus,
Este será será o seu próprio refúgio.
O dia em que for lhe tirado o ar,
No momento crucial da partida,
Entre a cruz da morte e estrela da vida,
Onde ninguém vive morto ou morre vivo,
Tampouco se reconhece;
Na metamorfose desambulatória
Na qual o ser vivo se coisifica por inteiro,
Em um momento fugaz e passageiro,
Ele vai descobrir que,
Seja pelo amor, pela dor, pelo horror,
Na mais pura insipiez do sabor,
Cada um tem o Deus que merece.
C. M.