Do ato de escrever.
Eu escrevo, calada e arredia,
no tempo do cigarro, cair de dia,
no espaço de uma inspiração.
Escrevo por necessidade, emoção;
eu não sei, só gosto de registrar
o que pela minh'alma atravessar.
Escrever é o meu tormento e abrigo,
descarrego de tensão, o meu perigo.
É o caminho que me fora traçado
de alguma forma; é o meu fardo
e minha mais trágica satisfação.
Sou poetisa esquecida no porão.
Viva, por ainda permanecer aqui.
Ardente, por sentir forte em mim
a ansiedade, muito ampla crescente
de me fazer ouvir em hora presente;
por coisas que eu não sei explicar...
Escrevo, por sentir o mal de amar,
ou quiçá por não ter mais o que fazer.
Mal a mal, eis a minha sina de escrever!