pedras
Há dias acordei na berma
Alagado em latidos
Indigentes
E vozes frias e quentes
Duns garotos sofridos
Delinquentes
As pedras rangiam nas rodas dos veículos
Assombrados pela noite
E sangravam na valeta
Atiradas
Como se pedras não soubessem da vida
De nada
E os bichos rosnavam-lhes moribundos
Defuntos da terra
Às pedras, coitadas
Sábias, doutoradas
Da guerra
E só os pobres lhes ajeitam a mão
E brincam, e falam
E jogam na corrente
E sabem que elas são
Senhoras de um povo crente
Fardadas da água fria
Deitadas na areia quente.