Pobre humanidade ausente


Ao vermos este mundo em que vivemos, conturbado,
Ávido por bens, sequioso por efêmeras riquezas,
Meu coração, também, se enche de profunda tristeza,
Ao saber que o que ora somos, amanhã será passado.
Como bem o disse em sua sabedoria o Dalai Lama,
Nós, os homens, perdemos o que nos resta de saúde
Na ânsia infinita de juntar dinheiro, pura lama,
Que se esvai para recuperá-la, juntos em nosso ataúde.

Por não crermos nos desígnios de que a vida proverá
A nós, de tudo, tanto preocupamo-nos com o futuro
Que nem mesmo temos tempo para viver o agora, o já,
E não vivemos tempo algum, nem mesmo o que auguro.
Vivemos, a cada momento, como se fossemos eternos,
Sem até mesmo respeito pelo passado, pelo tempo ido,
Olvidamo-nos até mesmo de sermos humanos e ternos,
E afinal morremos como se nunca tivéssemos vivido.

Pobre humanidade que nem mesmo se vê, ausente,
Como o eterno rio que é, em qualquer de suas fases,
Como nuvem, chuva, remanso, corredeira e nascente
E deságua no mar, sempre rio, mesmo sob muitas faces.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 25/10/2013
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