A GOTA
Do canto do meu olho, onde hibernas,
quero sentir teu rolar, em minha face morna,
um pouco mais brilhante
e mais veloz.
És o aborto dos meus mais belos e caros sentimentos,
portanto,
gota que me transcende em lágrimas,
não te quero,
em minha fala,
escondida em sombras
e nuances pálidas,
feito insignificante pingo de água pesada e salgada -
pois a seiva de almas torcidas por ásperas mãos
de um mundo em calos,
cá, comigo, tamanha é a intimidade
que,
em meus recôndidos,
não haverá segredos ou travas que nos calem,
ou nos mascarem.
Mesmo quando,
intrépida rolando
(nos vômitos de raiva)
vá rasgando as paredes da garganta -
e pelo chão se espalhem.
Definitivamente,
o mundo é bom -
(mas)
e o bicho homem ?