Vénias ao corpo

Foram saindo os dias na procissão das horas vagas

Pela esquina de uma subtração primária

Pés latejando na ribeira dos bons sonhos

Onde dormitam as peles de um verbo enrugado

As silvas acolhem os pobres de mãos fáceis

O sangue asila-se na guarda de um romance

Pássaros cantam poemas aos soluços

E os pobres cospem a chuva ao sol morno

Depois,

És tu na ribeira de versos pintados em prata

Sem corpo e sem voz

Corujas semeiam cabelos sobre as silvas

E as peles nascem nos fonemas errantes dos pássaros

Quando o sol se aquece para mim.