ESTÁ ERRADO!

Corpo estendido na rua, nua e fria,

Corpo sem vida, ali triste jogado

Como trapo sem nenhuma valia

Esperando dali ser carregado.

Ninguém chora o morto, ninguém!

Transeuntes passam apressados

Em burburinhos de vai e vem

Cegos sozinhos, egoístas estressados.

Chega o carro, traz a maca o enfermeiro

Olha o cadáver, sem emoção, nada a fazer

O infeliz não tem família e nem dinheiro

Sem nome é mais um a desaparecer.

Vai para o IML, o morto como indigente,

Cumpre o médico seu macabro dever

Rabisca um numero na estatística, somente

Mais um na soma que o medo faz crescer.

Dias há que muitos são os corpos caídos

Nem todos mortos, nem todos mendigos.

Balas perdidas, drogas, acidentes, suicídios,

Vítimas e algozes na morte surpreendidos.

Insano genocídio consentido e aplicado

Regra geral de uma hipócrita sociedade

Enquanto trata á milhões como “gado”,

Sacia-se e ri-se da bestial desigualdade.

Não mais dobram os sinos, silenciaram!

Não mais gemem os ventos, estão parados,

Em mudo horror todos os protestos calaram

Morrendo o bem onde tudo está errado!