SERRA

SERRA

A serra sempre ao longe,

A procissão puxada pelo monge.

Sempre morei nos vales,

Admirei os dançarinos nos bailes.

Tive meu ritmo apressado,

Queimei etapas mesmo estando cansado.

Perdi-me nos meus sonhos da juventude

Seria esse o motivo de minha inquietude?

Não sei mais quem eu fui quem eu sou,

Sei apenas onde estive e onde estou.

Quando de mim foi arrancado as minhas asas?

Quando que eu passei a usar tantas couraças?

Hoje eu olho no espelho,

Não me reconheço no espelho.

Vejo algo:

Plebeu ou fidalgo?

Como pude ser tão mudado pela vida?

A mudança ocorreu em qual avenida?

A serra me persegue aonde vou.

Vejo-a em todo lugar que estou.

Mudei de morada

Mudei de namorada

E sempre estou em outro vale

Esperando a Dama de Negro para um Baile

Montanhas ao longe

A procissão puxada por um monge

Querer voar

Cansei de andar

Sem asas apenas aterrisso no solo fértil

Não sou semente estéril

Devia brotar e renascer

O que pode acontecer?

Fico estático.

Sou simpático

Mesmo assim viro humo

Acabo-me em auto-consumo

Viro fertilizante

De ideias e não de uma gestante.

O apodrecimento pode ter nome romântico,

Posso até transformá-lo num cântico.

A serra sempre está longe

A montanha me lembra dum monge.

O antigo dono do castelo amputou minhas asas,

Queimou minhas feridas com brasas,

Sou um sonhador e perdi meu objetivo

Hoje sem asas e caducando tudo é relativo,

Virei cego num mundo de gatunos,

Os anos me são inoportunos.

Agora quero chegar às montanhas

Para isso terei que fazer inúmeras façanhas

Mas como?

André Zanarella 12-11-2012

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 22/10/2013
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