CORAÇÃO PARTIDO

Profundas e dolorosas,
assaltam-me referências.
À flor pedirei permissão,
ao bolero pedirei perdão,
de tão doidas reminiscências,
de tão distante que fiquei das rosas.

Já não cuido de mim, perdi-me
nos labirintos de dores antigas.
Navego, derivo nas tempestades;
mantenho-me. O que me redime
é o recanto doce em que me abrigas,
a par das fantasias e das verdades.

Os fantasmas do passado são duros,
as defesas que tenho relutam
em inseguranças. Vezes ganhei,
vezes perdi. Sonhos imaturos,
presos ao passado, tensos, refutam
razões dos sonhos que já sonhei.

Nada é pior do que a negação
daquilo que foi a ausência
do ser; o tempo de uma vez perdido
na simplicidade do inútil não.
Nem nada será pior que a demência
transitória de um coração partido.

 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 21/10/2013
Reeditado em 23/10/2013
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