METAPENSAMENTO

Pensar no fim

como a possibilidade

de uma travessia

de uma a outra margem do rio

O que penso nessa viagem

revela-se a mim como a descoberta

de terras virgens

Então, me embrenho no desconhecido

faço picadas e novas descobertas

sons e imagens adentram

já não sei se eu ou se sou outro

Não confabulo receitas

nem esquemas quaisquer filosóficos

descarto certezas e me agarro às dúvidas

Sou eu próprio meu pensar

Sou minha síntese e minha antítese

O avesso do verso e a prosa solta

Sou o viajante

que se reconhece na viagem

A bagagem que carrego

cabe toda numa caixa de fósforos

Sou único passageiro

nessa viagem que só a mim dá sentido

Tudo em mim se mostra novo e misterioso

Sou embrulho pra presente despachado

a destinatário desconhecido

Se chegar e for aberto

saberei quem sou