Versos Tranversos
Uma pausa pousa sobre a poesia,
Uma causa ousa em toda heresia,
E parar pode ser uma anestesia,
Para suportar a escrita fantasia.
E vão versos, meus transversos,
Voam em vão os livres anversos,
Na cela dos devaneios dispersos,
Decorando a sala, meus inversos.
Recorto palavras ou sentimentos,
Revivo o revisto, meus momentos,
Descrevo, escravo dos tormentos,
A textura do texto entre lamentos.
E vão verbos plenos, carícia e dor,
Na cor da vida e seu avesso amor,
No pudor da ira aqueço meu calor,
Soltos os diabos, escondo o pavor.
Assim aprendi viver minha loucura,
Os opostos polos da minha esfera,
Candura da flor e a dor da fissura,
Entre os dois, o recheio da espera.