cinzas vivas
recebendo sobre meus ombros
o doce calor dessas frias
cinzas vivas que sopram
seus mortos lamentos
em minha alma já insensível
ao lançar em meus olhos
todas as visões opacas
dessas cegas lembranças
que acalentam meu sono.
deixando resvalar
meus angélicos pesadelos
sobre as cinzas vivas de
uma memória morta,
gestando em meu agora
estéril ventre,
deixo-os acariciar
e simplesmente adormecer
como almas vazias a procura
de uma sombra onde soltar
o derradeiro suspiro.