[...Sem ti nem no céu...]

Convivi horas com a morte e então depois de anos senti medo, senti MUITO medo.

O mundo se faz brutal a cada amanhecer, a cada por do sol mas mesmo em meio a brutalidade sem piedade dessa selva de animais cegos pela cobiça, ainda assim eu era forte pois ao fim da semana com certeza estaria sorrindo.

Mas então vocês não voltaram e meu corpo tremeu, só podia sentir a impotência de nem ao menos poder deduzir o que tinha acontecido e vocês sumiram.

Eu estava abandonado, perdido no meio do nada, na companhia de um grande irmão, ambos dispersos, o silencio cortava nossas almas e o olhar inerte no horizonte arrancava aos poucos pedaço por pedaço de nossos corações.

Como uma mãe preocupada eu entrei em desespero e minha respiração asfixiou-se aflita, mentirosamente calmo e despreocupado me mantive sob controle, para inutilmente tentar acalmar meu irmão.

Mas as horas não pararam e cada segundo tinha trinta minutos, a chuva caia e tudo morria a cada gota.

Foram dez horas em pânico, dez horas sentindo o cheiro da morte, o gosto da dor, o peso do remorso, o peso de (meu Deus) um dia sem vocês!

Meu céu se fez negro, o controle já não mais existia, eu sentia dor, dor física, dor em pensar que jamais poderíamos voltar a ouvir as mesmas musicas, jamais iríamos para as mesmas praias, jamais viveríamos novamente pois jamais conseguiríamos sorrir.

POR DEUS, nada faria sentido sem vocês, como eu poderia levantar mais um dia da cama se no planeta não existissem mais os irmãos da minha vida? O mundo estaria em luto e eu lutaria para poder respirar sem vocês.

Quão constrangedor seria o silencio da volta, voltando sem vocês... isso ainda dói em pensar.

Nossa Casa Verde agora seria cinza e eu seria o mensageiro que mataria as famílias com a noticia: “eu matei o filho de vocês”.... mataria simplesmente, as pessoas que mais amo na vida, mataria dois dos sete e seria a forma mais dolorosa de se cometer um suicídio.

Agora o tormento seria ter que tentar ficar de pé a cada dia, jamais entraria em nosso carro, ouvir nosso som me mataria, com os que restaram olhariam um para o outro??? Foram horas fúnebres nas quais pude enxergar anos á frente e tive medo, tive medo de mais!

O descontrole tomou conta do irmão que estava ao meu lado e quando tentei segurar sua mão o seu mundo caiu, em desespero ele chorou em meus braços e suplicou querer ver seus amigos de novo. Senhor, eu ainda tive que fingir estar bem e sorria tranqüilo...

Acompanhado das horas caiu a noite, então não conseguimos mais esperar, talvez nem ter mais esperanças...

Abandonamos o carro e tentamos andar, sem enxergar um palmo diante do nariz, escorregando e tropeçando a cada passo, na inútil tentativa de conseguir ajuda...

Pudemos ver mais uma vez como o ser Inumano é brutal, esses animais não pensam no próximo e nós que sempre paramos para ajudar não colhemos isso.

Após a busca em vão por ajuda, não havia mais o que se fazer então definitivamente morremos, voltamos para o carro e deitamos, mais nenhuma palavra foi dita.

Eu convivi com o peso de dar a notícia e o peso de não ter mais na minha vida a única coisa que me era necessária para viver, a nossa maior riqueza, nossa dádiva, nosso presente, nossa VIDA!

Meu corpo doeu do pé ao cabelo, minha barriga estava gelada por dentro, meu peito se comprimia, eu sentia frio, já não havia mais o que se fazer.

Eu realmente não soube mais o que fazer com o desespero, durmi, durmi tentando pensar menos no que acabara de acontecer.

E eis que para mostrar a magnitude do ser grandioso que Ele é, Deus nos deu de presente a vida novamente, eu acordei com a ressurreição dos meus amigos na janela, minha vida queimou de novo e como a fênix do pó das cinzas e brasas frias meu peito se aqueceu de novo e vi meus amigos nascendo outra vez, sorrindo, fazendo piadas, simplesmente falando.

Não fui tão receptivo quanto o meu irmão que comemorou a chegada dos dois andarilhos, só fui frio, gasolina no tanque e vamos embora, nós quatro de novo no carro e o nosso som merecia ser tocado, então cada nota cortava uma entranha e o sentimento explodia a alma de dentro para fora, não teve mais como, era minha família, nosso carro, cantando nossa musica, revivendo nossa vida, como eu viveria sem aquilo???

Seta para a direita, liga o pisca/alerta, ninguém entendendo nada e o freio de mão puxado então deitei sobre o meu irmão e fiquei seguro em seus braços, solucei depois de 7 anos, lavei o peito dos meus amigo, pulei para o branco de trás e ainda estava nos braços de meus amigos onde repousei durante vários minutos até poder dirigir novamente... pude ouvir suas vozes, sentir o calor de seus corpos, suas mãos secando minhas lagrimas, o nosso som rolando, nossa vida pulsando de novo dentro do coração que bate para alimentar os 5.

Dia OITO de ABRIL de 2007, meus amigos nasceram de novo, sempre soube da importância que tinham na minha vida mas viver DEZ horas sem eles me fez sentir muita dor, agora sim o medo existe na minha vida, tenho medo de perder as pessoas que amo.

8 de Abril, um feriado, marco na historia, o dia mais importante da minha vida, o dia que ganhei meus amigos de volta o dia em que os Troka Flexa renasceram!

dentre tantos títulos pensados e tanta vontade de explicar no final, reservo a obra a simplesmente expressa um AMOR.

rOg Oldim
Enviado por rOg Oldim em 17/04/2007
Código do texto: T453435