Cante-se
Cante-se o verso esquecido,
o poema repartido,
o amor acabado e o dia chegado.
Cante-se a rima que povoa os vazios
e afugenta os pássaros sombrios.
Cante-se a musa desejada
e a outra certeza
nascida na madrugada.
Cante-se a impossibilidade do sim
e a solidão do nada,
pois há que se cantar
o crime da realidade
e o sonho que ficou pela metade.
E por fim, só cante
o canto que ficou distante.