QUANDO ME VISTO
DIANTE DO ESPELHO
DO QUARTO ONDE ME VISTO,
CONTEMPLO A RENDA, ACARICIO A SEDA
COM QUE VOU ME COBRIR.
ENTÃO ESSE FRESCOR,
A DOCE INTIMIDADE
DO TECIDO COM A PELE,
TRAZEM-ME LEMBRANÇAS...
LEMBRANÇAS DE TI,
DE QUANDO ME DESPIAS
PARA OS JOGOS DO AMOR:
SUAS MÃOS IMPUDENTES,
SENSUAIS, VAGAROSAS,
DESNUDANDO MEU CORPO,
DESATANDO O CORPETE.
EU ESTREMECIA
COM A VOLÚPIA DO SEU TOQUE;
TEUS OLHOS
SEDENTOS DE DESEJO,
FITAVAM MEU CORPO,
E TUA VOZ PROFUNDA
ME DIZIA NUM SOPRO:
"COMO ÉS LINDA..."
HOJE TUDO É PASSADO...
MAS DIANTE DO ESPELHO,
VENDO A SEDA E A RENDA
ENVOLVENDO MEU CORPO,
QUASE SINTO O ROÇAR
DOS TEUS LASCIVOS DEDOS,
E CHEGO A OUVIR O ECO DE UM MURMÚRIO:
"COMO ÉS LINDA..."