AUTO-RETRATO

Se um dia alguém quiser saber quem sou,
Desvendar os mistérios que assombram meu passado,
Descobrir os mais ínfimos segredos que tenho guardados.
Conhecer os meus amores... quem eu amei e quem me amou,
Conquanto que de minha vida, muito pouco tenho falado,
Que atire a primeira pedra, quem ainda não pecou!

Se perguntarem sobre meus sonhos não realizados,
As chagas que trago em meu íntimo , as feridas
que não consegui curar, as que eu pude amenizar.
Talvez o silêncio seja a resposta mais adequada,
de alguém que prefere o direito de se calar,
por não saber os rumos certos, que tomaram minha vida!

Sou uma incógnita errante, incoerente, misteriosa,
Sou forte como uma montanha que não foge e vai à luta.
Porém... às vezes sou tão pequena, tão frágil e temerosa,
Sou tão contraditória, que por vezes até me assusta,
Mas, ao mesmo tempo, constato a minha índole generosa,
Pois percebo que a existência, a cada dia é mais curta!

Sou um ser quiçá triste, meiga, alegre, intransigente,
Sou criança, irresponsável, ingênua, caprichosa e pura.
Sou alguém que nada sabe, meio vazia e inconseqüente.
houve um tempo em que fui às ruas gritar contra a ditadura.
Amo a vida, a liberdade e não me prendo a correntes.
Sou mulher adulta, sou franca, sagaz e maliciosa

Embora esta incoerência seja meu ritual no mundo,
Vivo errante, buscando algo que me mostre uma saída.
Que me permita sair do escuro, deste dilema profundo,
Pois me sinto, por vezes um alvo próximo, vulnerável,
Uma mulher de muitos amores e paixões... admirável!
Mas, se me perco neste labirinto de dúvidas, por um segundo,
e temo não encontrar uma resposta para o sentido da vida!