O índio de concreto

O Cavaleiro estático vigia a noite

Será que chora?

Será que espera?

O que há de concreto nesse Cavaleiro?

Valentia, honra, lembranças?

Porventura sofre?

Com sua lança em punho olha os visitantes

Que caminham tranquilamente entre a mata urbana

Distraídos não ouvem o lamento do bravo ginete.

O Cavaleiro armado, de concreto

Cavalga imóvel sobre o Parque.

O parque é o que resta das suas Nações.

O nome do Cavaleiro qual será?

Responderia orgulhoso Marçal, Verón, Oziel...

Não pode, calaram sua boca.

O Cavaleiro sonda triste a cidade

Sua lança e seu cavalo não servem ao seu povo.

O seu corpo frio galopa inerte.

Suas veias de aço

Sua carne de cimento e pedra

Sangram por sua gente.

Aprisionado numa estátua

O índio guerreiro luta

para ser mais que Monumento.

Campo Grande-MS, 16 de outubro de 2013.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 17/10/2013
Reeditado em 09/05/2016
Código do texto: T4529977
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