O índio de concreto
O Cavaleiro estático vigia a noite
Será que chora?
Será que espera?
O que há de concreto nesse Cavaleiro?
Valentia, honra, lembranças?
Porventura sofre?
Com sua lança em punho olha os visitantes
Que caminham tranquilamente entre a mata urbana
Distraídos não ouvem o lamento do bravo ginete.
O Cavaleiro armado, de concreto
Cavalga imóvel sobre o Parque.
O parque é o que resta das suas Nações.
O nome do Cavaleiro qual será?
Responderia orgulhoso Marçal, Verón, Oziel...
Não pode, calaram sua boca.
O Cavaleiro sonda triste a cidade
Sua lança e seu cavalo não servem ao seu povo.
O seu corpo frio galopa inerte.
Suas veias de aço
Sua carne de cimento e pedra
Sangram por sua gente.
Aprisionado numa estátua
O índio guerreiro luta
para ser mais que Monumento.
Campo Grande-MS, 16 de outubro de 2013.