RONDAS DE UM FANTASMA (um poema da Professora Zuleika dos Reis)
Querida Zu, anjo, quero demonstrar a minha mais profunda alegria, o meu mais emocionado encanto.
Registro aqui, em letras maiúsculas, que ESTE SEU POEMA ESTÁ DESTINADO A SOBRE ELE SE DIZER QUE É UM ENTRE OS MAIS SIGNIFICATIVOS E RICOS JÁ ESCRITO EM TERRA BRASILIS.
Quando a voz representativa dos estudiosos da nossa literatura se pronunciar, eu terei o orgulho de dizer que eu o disse primeiro e que esta maravilha da poesia me homenageia! Deus abençoe a poeta, Deus abençoe a sua Poesia! Abraços e beijos.
• Obrigada, amiga, colega de profissão, poeta e anjo, ZULEIKA REIS
Um fantasma de si mesmo
triste fantasma encarnado
em fria tarde, a esmo,
lembrava do próprio rosto
que perdera há tanto tempo
e se olhava, descarnado,
nas águas do fundo lago
no centro do bosque em torno.
Em verdade, não havia
nem bosque nem lago fundo.
Havia só pensamento
e o coração perplexo
de um fantasma encarnado
que perdeu o próprio rosto
no espelho de outro rosto
e agora jaz, descarnado
de si mesmo, há tanto tempo,
no centro do bosque em torno
imagem no fundo lago
que se esvai, só pensamento
de um fantasma que não olha
que não vê, que não deseja
bosque, lago, rosto, espelho,
que de mais nada se lembra
que do Amor não mais se lembra
triste fantasma perdido
dos rostos que tenha tido
na sina de Amor medonha
mais medonha que se tenha,
pobre fantasma sem rosto
no centro da noite erma
de Lua, estrelas, conforto
pobre fantasma sem rosto
sem inveja de algum outro
que alguma vez tenha tido
pobre fantasma tão morto.
Fantasma, como te entendo
essas rondas, esse círculo.
Também se move, assim lenta,
esta morte em que me vivo
esta morte que me move
a mim, diversa de ti,
assim Memória que sofre
só Memória que não morre.
Tudo é Presença e morte
na vida que já não vivo
no presente que não vive.
Fantasma, como te entendo!
Entendo porque te sou
fantasma, mas, não te sendo:
Memória e Presença vou
vou também esquecimento
mas, nunca Esquecimento
que o rosto do meu Amor
luz e sombra, lume, Dor,
na vida erma, O Lamento.
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