Dama de um conto

Cinderela de uma história

Meiga, dócil, assim tal…

Doutora de sua glória

Rainha de Carnaval

Lírios decoram-lhe tranças

Rosas belas em bouquet

Vestido rendado ou seda

Brincos de não sei o quê

Se minha mão a soubesse

Na frente de um castelo

Faria das tais promessas

Reinos de fogo e de gelo

Prometer-lhe-ia meus lábios

Húmidos em emoção

Todas as coisas da vida

Retratos do coração

Lá na esquina de um poema

Vi-a bela e rendada

Passear numa viela

À porta de uma quadra

Recitando um só verso

Ao inverso e sem porquê

Rimava com Cinderela

E o resto não se lê

Se há contos

Se há lendas

Se há livros desta gente

Há sempre aquele que fala

Diz que chora,

Diz que sente.

Fala versos

De um poema

Que eu declamo a seguir

Ri-se, ri-se de um provérbio

Para e volta-se a rir

Sabe dos contos de fadas

Sabe da vida dos reis

Conhece a Branca de Neve

Dos anões só conta seis

Escreve lendas de uma dama

Que amou num tal inverno

Uma rainha embruxada

Dominada pelo inferno

Se há contos que me conta

Até romances que diz

És tu o mudar de página

A tal do final feliz

Lá na esquina de um poema

Vi-a bela e rendada

Passear numa viela

À porta de uma quadra

Recitando um só verso

Ao inverso e sem porquê

Rimava com Cinderela

E o resto não se lê