POEMA EM QUATRO TEMPOS
I
Porque meus olhos são lagos
e o teu olhar a lua,
tinham por destino esse encontro.
A imagem refletida na águas
despertou-as do seu sono hibernal,
e os lagos anseiam por refletir de novo
a face prateada da felicidade...
II
Iluminam-se os lagos com a luz do luar...
E a hora do anoitecer,
quando a realidade pode parecer um sonho.
É tão rápido o reflexo
que os lagos solitários pensam, indecisos,
se não foi apenas uma miragem da lua...
III
Oh lua viageira,
Porque não te miras mais no meu espelho?
Porque encobres tua face
com essas nuvens indiferentes?
IV
É o destino da lua retratar a face
nos lagos solitários,
e os lagos não têm culpa
se esperam...se anseiam,
se adivinham a sua proximidade.
Os lagos não têm culpa do destino.
Quedam-se pacientes.
a considerar o caleidoscópio
das tardes e das noites,
enquanto a lua realiza seu giro
através de mil paisagens.
Guardam na profundeza de sua água tranquila,
reflexos argênteos,
recordações inolvidáveis,
e sabem viver desses tesouros
sem se magoar com a longa espera.
É o destino da lua retratar a face
nos lagos solitários...
e a sabedoria de séculos ensinou-os
a se conservarem puros para refleti-la.