POEMA EM QUATRO TEMPOS

I

Porque meus olhos são lagos

e o teu olhar a lua,

tinham por destino esse encontro.

A imagem refletida na águas

despertou-as do seu sono hibernal,

e os lagos anseiam por refletir de novo

a face prateada da felicidade...

II

Iluminam-se os lagos com a luz do luar...

E a hora do anoitecer,

quando a realidade pode parecer um sonho.

É tão rápido o reflexo

que os lagos solitários pensam, indecisos,

se não foi apenas uma miragem da lua...

III

Oh lua viageira,

Porque não te miras mais no meu espelho?

Porque encobres tua face

com essas nuvens indiferentes?

IV

É o destino da lua retratar a face

nos lagos solitários,

e os lagos não têm culpa

se esperam...se anseiam,

se adivinham a sua proximidade.

Os lagos não têm culpa do destino.

Quedam-se pacientes.

a considerar o caleidoscópio

das tardes e das noites,

enquanto a lua realiza seu giro

através de mil paisagens.

Guardam na profundeza de sua água tranquila,

reflexos argênteos,

recordações inolvidáveis,

e sabem viver desses tesouros

sem se magoar com a longa espera.

É o destino da lua retratar a face

nos lagos solitários...

e a sabedoria de séculos ensinou-os

a se conservarem puros para refleti-la.

hortencia de alencar pereira lima
Enviado por hortencia de alencar pereira lima em 16/10/2013
Código do texto: T4528415
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