A ALMA DAS COISAS

“Bela esta manhã, sem carência de mito”. Drummond.

Bela esta tarde repleta de nuvens,

belo o enredo do amar, em que choram

as chaves do corpo, a alma das coisas.

São alvos os caninos noturnos.

A agonia consciente e inconsciente,

passando ao sol poente.

No azimute, ao norte, a morte.

Bússola que nos orienta.

De tudo que nos é atento

salvam-se os salmos, ramos de pureza,

mágicas canções, a clava dos que oram,

violão nos olhos da aurora.

Lento é o visgo

de quem vive pra dentro.

- Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Ed. Universidade Federal, 2000, p. 71.

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