A ALMA DAS COISAS
“Bela esta manhã, sem carência de mito”. Drummond.
Bela esta tarde repleta de nuvens,
belo o enredo do amar, em que choram
as chaves do corpo, a alma das coisas.
São alvos os caninos noturnos.
A agonia consciente e inconsciente,
passando ao sol poente.
No azimute, ao norte, a morte.
Bússola que nos orienta.
De tudo que nos é atento
salvam-se os salmos, ramos de pureza,
mágicas canções, a clava dos que oram,
violão nos olhos da aurora.
Lento é o visgo
de quem vive pra dentro.
- Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Ed. Universidade Federal, 2000, p. 71.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/45278