O devorador de sonhos
Mastigo os sonhos
Como se ouvem as canções
Se abrem as janelas para olharmos o novo dia
Sou um criado dos costumes
devorador dos sonhos alheios
Ando de vila em vila
Bar em Bar
Minha vida é uma mistura
de espectros
Sorriso amarrotado, cabelo desgrenhado
Todos os dias
Todas as noites
Minha carne, meu veneno destilado
Meus livros enfileirados
Meus sonhos amontoados numa gaveta
Esse novo ânimo
As folhas de papel em branco
O desejo da tinta em desenvolver-se
em versos
O que faço da minha vida
Se não olhar as borboletas
Aguardar a noite
Cantar alguma de Herivelton
E fazer uns versos
Dói a minha mente
Falta algo entre o polegar e o indicador
Perfilados, todos perfilados
Deuses, mulheres, mares
Aguardo a vontade da mente
A sua ditadura
Essa mente infértil
Não acompanha o desejo latente: Sai tinta do papel
Não devora as imagens
Os sonhos
Talvez eu seja outro
Ou eu mesmo
Essa forma agonizada e cambaleante
Dividido em verso
Versos invertidos.