POEMPATIA
POEMPATIA
I
aiai poeta, tu é estranho
tu tem uma careca de marfim
um coração de iceberg
uma carne de carne
e por isso sofre
e se arma ou alma
nobre
e ainda assim sofre
e ainda assim se desgasta
e ainda assim se morre
pouco a pouco
vendo o mal do mundo
sendo meio vagabundo
vendo tudo
a fundo profundo
meditando na calada
resolvendo quase nada
e me escrevendo
se sacrificando por tanto tempo
me escrevendo
(e eu também por ti fazendo nada)
quem te entende além de nós
se nem tu te entende
como algo que possa ser entendido?
e quem entende o outro?
e quem entende esse mal?
choraria junto contigo?
vive assim desgastado e meio doente?
e o povo que é o tal
e não planta uma semente?
talvez seja ainda mais doente
não sei
talvez é coisa da mente
II
aiai, meu pobre poeta
o que eu faço por ti
além de ser esse vasto ombro branco
sem forma ondesenformas
as palavras
teus cansaços
tuas mágoas?
tuas ideias
que tu caças e modelas em mim
em que elas te ajudam?
te ajudam?
enfim
espero que te ajudem
a ir até o fim
III
se nem ajudo esse pobre
metido a monge zen
[vaga]bu[n]dista
que dirá os outros
que passaram por mim?
desculpas a todos
que nunca ajudei
não foi minha intenção
não queria ser assim
espero que eu renasça
ou seja outro mim
que te ajude na saúde
na alegria
e na desgraça também
amém sim.
Dija Darkdija
p.s. eram separados. fiz um por um, um seguido do outro depois resolvi juntá-los.