BRUSCALIDADE

quero que seja lento...

é, dessa vez sim.

Não mais quero a bruscalidade

como as das aventuras

que curto:

curtas, abruptas, cabais.

paulatinamente,

assim me quero desprender

desa doença ambígua...

cultura própria,

resultados cada vez maiores,

copiosos espécimes.

colônia ao redor do coração

perfume traiçoeiro

colmeia indesejada

abelhas, formigas, gostares,

me dedetizem dessas pragas

com conforto alojadas...

falanges macedônias,

falanges dos meus dedos,

com que arma reconquistarei

o meu próprio coração?

com a mão, com a cabeça

ou com ele mesmo?

[guerrilha é uma guerra urbana,

uma resistência diária,

cotidiana e surpreendente...

em cada esquina um inimigo possível

ou um simples qualquer

vivendo sua miserável vida]

um amar devo então proceder

com as devidas garras

e a chama da cautela acendida?

"acesa", que seja,

será que essa mesma flama

me fará não mais amar de verdade?