FIM DE FESTA
é fim de festa
nada resta no salão.
em vão, se procuram os doces,
o salgados - e o presente.
cadê? cada reluzente cuidar,
a atenção, o cuidado
e o carinho de mero lembrar
de quem se ama
é fim de festa,
nem há onde descansar
há tormenta até mesmo na cama...
a chama não existe mais,
se apagou,
no azar e na precipitação
como um sopro sem pedidos.
é fim de festa,
sesta no canto mais limpo
talvez o alento final possível...
a vassoura atrás da porta,
a vassoura a varrer
e triscar nosso pé.
é fim de festa,
a esperança se desfez
- à marcha rápida -
cada vez em que não se ouviu
um singelo parabéns,
e não se deu um beijo.
é fim de festa,
e no peito a saudade e o lamento:
não fosse essa gama de medos,
essa coleção de traumas,
esses perdões meia-boca,
a música continuaria a tocar.