Germinal
(Margarete Jung, Vany Grizante, William E. Silva)
Bem bebido o vinho da idade
em pequenos goles diários,
a partir de hoje, no auge de mim,
posso me valer da
magia arriscada
que tenho aprendido:
usar a chave do cômodo
onde fica guardada
a semente do vento
das tempestades.
Feito o plantio
valho-me então da sabedoria
de abrir os braços em asas
e correr descalço na grama molhada
pela tempestade por mim plantada.
E me farto
e me deslumbro
em êxtase, em clímax profundo.
Bem aparadas as arestas do corpo
em lembranças iluminadas de esgueio,
a partir de hoje, e por indefinido tempo,
quero me fartar de
frutas e perfumes
retirados do quintal:
vislumbrar na penumbra
baça do amanhecer
um sol mais maduro
pronto para a colheita.