Eu e Outros ( Homenagem a Augusto dos Anjos)

Homens vulgares numa massa cinzenta, cidade,

Sombras perambulantes que vivem em seus leitos insípidos

Corroem as beiradas dos livros, prostrados à margem.

Esses seres incolores vivem num mesmo discurso repetido pelos séculos,

Passam pela existência aceitando somente seus espelhos insossos.

Salões leprosos de espírito. A gangrenada impera.

Comida de vermes. Riscamos um fósforo

Transmuta-se o Anjo para denunciar

A família que se trai, a sociedade prostituída.

Enxerga a sombra e entra nela

O sarcasmo que prolifera Augusto usa como arma

Contra os olhos vendados de quem não sabe da dor,

Vomita a dor de uma humanidade cruel e vítima

Sofre por todas essas vidas.

Rompe com uma cultura acanhada de valores atrofiados e fingidos

Acreditando na arte como avesso à hipocrisia.

Olhar intimista, o Eu que busca o todo.

Que seus morcegos nos visitem à noite

E façam brotar uma nova consciência.