O SOL TAMBÉM SE LEVANTA CEDO
(Sócrates Di Lima)
A noite deixa os olhos escuros,
Ensurdece a alma,
Emudece o coração.
A noite chovisca a face,
E salga os lábios,
No sal grosso.
E sem se importar,
A noite avançca para o amanhã,
Sem olhar o ontem,
E sequer se preocupar com o hoje.
A noite pari a madrugada,
E desabrocha na aurora,
Num crepúsculo efêmero.
E já na neblina da manhã chuvosa,
O Sol parece não querer nascer,
Mas, lá dentro, da alma do tempo,
O Sol acorda,
E em bocejos, espreguiça,
E enfim, se levanta.
É cedo,
E na crença dos sonhos,
Que brota na humanidade,
O Sol sem vaidade,
Abre as portas do dia,
E nele deposita,
Todas as suas fantasias.
O Sol faz a realidade,
E enche de vida os corações que amanhecem....
Mas os pensamentos vigiam o tempo,
E seguem seus destinos,
Sempre iguais...
E o Sol a cada dia,
Diferente se levanta,
E sem medo,
Se agiganta,
Sabendo que na sua alma nua,
Ao final da tarde,
Ao pé da noite,
Vai se encontrar com a lua,
Num breve romance,
Num efêmero beijo,
Sem nunca se esquecer,
Que para se encontrar com ela,
Em segredo,
O Sol também se levanta cedo.
Assim,
Como o amor que brota dentro de mim,
A cada dia,
Em uma nova melodia,
Nas vértices da poesia,
minha alma,
Com o mais doce enrredo,
Como o Sol....
....Também se levanta bem cedo.