SOLILÒQUIO
Tu vens e vais...
De onde... para onde...?
Que caminhos trilharam teus passos
nessa andança
que do desconhecido te aproximou de mim?
Por quem vives,
o que cismas na tua solidão,
que ideais acalentas contigo?
Meu pensamento persegue teu mistério.
e sem me aprofundar na tua incógnita,
tanto mais te amo
no que desconheço de ti...
Na fantasia que se entrelaça
do evidente e do imaginado,
minha admiração cresce
alimentada do nada;
e não sei se é para o nada que me encaminho,
vivendo da alegria que descortino em teus olhos,
da interrogação que neles vejo,
da expectativa dos teus gestos e das tuas atitudes.
Porque me buscas através do silêncio,
como a ti encontro dentro do mistério;
no espaço ultrassônico vibram nossas almas,
na mesma frequência,
e nos pertencemos ainda que à distância
não obstante a adversidade,
apesar do que sonhamos ser e que não somos,
a despeito do retraimento a que nos sujeitamos.
O passo que não damos nos consolida o afeto...
Um sutil sortilégio conclui o nosso ajuste,
em esperança e êxtase,
atração e fuga,
descoberta e interrogação.