Reflexos de mim mesmo
Enamorei-me de mim mesmo.
Tal qual Narciso estive perto e longe
da minha pessoa ao mesmo tempo.
Perto porque via meu reflexo no lago,
longe porque estava numa viagem do ego
e não tendo prazer com a minha própria presença.
Enamorei-me de mim mesmo.
E tal qual o olhar da Medusa,
virei pedra ao me fitar no espelho.
Primeiro porque
estava preso à estática do passado
e segundo porque não era amor o que eu sentia.
Enamorei-me de mim mesmo.
Caí de fronte ao espelho que se estilhaçara.
Sete anos de azar, não tem jeito.
Percebi que só me amando
poderia amar ao próximo.
Mas que lástima! Não me amo.
Enamorei-me de mim mesmo...