Do Coração - II
Esse tão fértil coração, que se apaixona a cada dia
que ama pela poesia e que escreve na solidão
não é inventor de ilusão, nem entregador de fantasia
é, somente, o mesmo guia que me retirou da depressão.
No tempo que ficou congelado sob o inverno da dor
soube conservar o calor de um sonho de verão no passado
quando estar apaixonado foi bem mais que viver um amor
foi ser sonho do sonhador que o próprio amor tinha sonhado.
Na primavera de agora (quando, dos olhos, só brotam flores)
como não sentir os amores que desabrocham a toda hora
dentro do olhar que devora os próprios olhos devoradores?...
como não ter fome de cores?...de pores do sol e de auroras?...
como não morder as amoras dessas bocas que guardam licores...
talvez, seus destilados de dores, como as que senti outrora?
08-10-2013