Cem Vinicius

Cabem muitas coisas em cem anos.

Cabem guerras e tréguas, perdas e danos.

Alguns acertos e tantos enganos.

Cabem idas e vindas, partidas e chegadas

e tantas ruas e tantas estradas.

Cabe choro e cabe riso, inferno e paraíso,

loucas paixões e amores de tanto siso.

Muito cabe em cem anos, mas pouco transborda

e de nem tudo se recorda;

talvez de um laço, talvez de um espaço,

de um copo, de um corpo, de um abraço.

Talvez de uma música, de um filme, de um poema

ou só de quando o Mundo virou um teorema

e a última utopia naufragou no sistema.

E talvez só do tempo em que de tudo se esqueceu,

pois foi o tempo em que a vida morreu

e que dos umbrais só retornou por obra e graça

dos versos de Vinicius, o anjo boêmio dos reinícios.

Homenagem pouca ao Poeta Grande, Vinicius de Morais.