[Escapar rumo ao azul]

["Tudo é velho onde fui novo" —

F. Pessoa/ Álvaro de Campos, "Notas sobre Tavira"]

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Quando eu era menino,

eu nem era — eu escapava

dos meus agoras rumo ao azul!

Jamais eu estava ali, no chão,

onde tudo era estranho, novo...

Mas o tempo passou...

e sei bem: se eu volto lá,

tudo é [transtorno] novo

onde eu me sabia velho...

Ah, o peso do mundo... Velho sim,

pois, nas tardes chuvosas,

eu gemia lembranças herdadas,

eu sofria tanto, mas tanto

por coisas e tramas de tempos

que eu nunca antes vivera...

Por isso, não sei... talvez...

sim, talvez por isso o azul

me atraía tanto, tanto...

era preciso, para atenuar

o mal da minha velhice-criança,

que eu me perdesse no azul...

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[Desterro, 08 de outubro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 08/10/2013
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