Dia do encobrimento do Brasil
Quando a penumbra esconde a possibilidade
Entre as sombras da esperteza
E quando a brisa se assanha, na sanha da desilusão,
O silencio ecoa na cumplicidade
Impregnando a nação de estranheza
Ao deparar-se com a degeneração!
Não há valor na justiça dos homens, que se dizem “douto”
Nem probidade entre os figurantes da peça encenada...
Não há nada... Nenhum vestígio de dignidade!
Nem respeito, nem pudor, nem ao menos patriotismo!
Tudo se perde no abismo da corrupção
O país se condena ao ostracismo, na veste da impunidade,
Perdendo a liberdade com estranha resignação...
Os corruptos estão soltos
Abre-se a temporada da eleição!
Vale tudo no vale das urnas...
E o judiciário nem vale mais nada
Seu papel enrolou-se oculto
No indulto da alienação.
Neste dia, fatídico e triste
Em que o mundo inteiro assiste
A vergonha globalizada
A democracia falece do mau súbito constante: descalabro
Desmorona e não resiste, reduzindo-se a mero chiste
Lembra-me vagamente da fábula da bicharada
Que com maestria pregava, sabiamente, a unidade:
Todos aqui são iguais. Mas uns... Uns são mais iguais que os outros!
Meu coração se aborrece
Recolhe-se indignado
Em meio a tanta sujeira.
A esperança padece
E pela primeira vez
Sentindo o espírito injuriado
Envergonho-me de ser brasileira!
(inspirado no dia do voto decisivo do mensalão)